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O projeto Marias – Residência artística feminina é uma proposta de intervenção no espaço comunitário e/ou publico partilhando com um olhar criativo a história das mulheres caiçaras, das mulheres do mar ou como adotamos um nome para as mulheres do mangue.
Site: https://www.instagram.com/earthnomada/ https://www.instagram.com/earthnomada/
Descrição
O projeto Marias – Residência artística feminina é uma proposta de intervenção no espaço comunitário e/ou publico partilhando com um olhar criativo a história das mulheres caiçaras, das mulheres do mar ou como adotamos um nome para as mulheres do mangue. Com a ideia de ampliar mais os horizontes sobre a pratica dessas mulheres e o resíduo que provem do trabalho das mesmas surge o projeto. Com a perspectiva de nesse processo promover um intercambio cultural entre as envolvidas do projeto e também no processo de pesquisa para extração dos pigmentos naturais.Em maio selecionamos os primeiros locais para serem desenvolvidas as atividades e foi as regiões de Itapuã (Vila Velha) e Santo Antônio (Vitória). Nesse período iniciamos as pesquisas sobre histórias no Arquivo Público, um dos livros utilizados foram Marterra (Antonio Claudino de Jesus) porque em Itapuã muito da história viva se perdeu com a especulação imobiliária, dentre outras questões de organização e pressão para os pescadores. Essa é a situação de Vila Velha com relação a Cultura Viva Comunitária.
As reuniões de equipe aconteceram inicialmente online, por conta das artistas convidas, para acompanhar os processos in loco que estávamos fazendo como: selecionar os locais, mapear as comunidades e selecionar histórias. Assim, nas conversas moldávamos de forma colaborativa as ações futuras.
Enquanto as coisas aconteciam foi surgindo algumas ideias para a linguagem visual do projeto, algo que integrasse de fato as demandas que giram em torno dessas mulheres, suas lutas, resistências, cultura e o quanto perpassa sobre o saber e a pesquisa de pigmentos naturais. Inclusive, assim surge o nome Ilha das Caieiras, quando no passado as mulheres trituraram o resto – o resíduo – do Siri. Muitas historias vão e vem, com isso tivemos de referência também o recente trabalhos de conclusão de alunos de Rádio e TV - Vasco Coutinho em Vila Velha o documentário “Ilhéu” que conta melhor a história sobre a Baía de Vitória e como tem sido carregar tanta memória e preservá-la em vida.
As comunidades mais integradas durante os processos de desenvolvimento do projeto foram em Vitória, nas vivencias internas e externas, poder também executar um mural aplicando técnicas de acabamento em terra foi bem importante também. Em Vila Velha, tivemos uma experiência diferente com a colaboração da APAE onde pudemos trabalhar junto com eles e as alunas e alunos brilhantes que atendem. O outro mural foi importante pela representação e reverencia ao mar, que é algo ainda presente na comunidade, já que a mesma tem sofrido com a redução de espaço de trabalho e consequentemente a diminuição da cultura de pesca. E Jacaraipe o Kisile, que foi um dos grupos específicos desse projeto, foi homenageado com o mural para matriarca dona Rosa, onde também foi especial o reconhecimento da comunidade e a partilha durante os processos nos espaços mais vulneráveis da região.
O cronograma de execução acabou por sofrer alterações durante o desenvolvimento porque as duas artistas convidadas eram de fora. A Carol de São Paulo conseguimos viabilizar suas participações, principalmente, no desenvolvimento das vivencias externas, colaboração na pesquisa dos pigmentos naturais e produção dos murais. Já a artista equatoriana não foi possível, com isso definimos e informamos via oficio a alteração de dois locais, adicionando ao cronograma as cidades de Jacaraípe e Patrimônio da Penha. Essas vivencias foram incríveis, viajamos até o Parque do Caparaó um grupo de 05 pessoas, três artistas e duas na cobertura audiovisual. Fomos compor a II Semana Sem Petróleo com o projeto e foi interessante a participação local, a percepção mais clara sobre o processo de extração de pigmentos foi enorme, tanto que fizemos uma vivência para pintar as placas da horta no centro cultural Multiverso.
Em outubro iniciamos as vivencias no ateliê e dele para outros espaços parceiros, foi um momento de receber os artistas e demais pessoas interessadas em trocar uma ideia, ver mais sobre a pesquisa e pintar! Nessas ações recebemos adolescentes e jovens atendidos pelo CREAS – Vitória no ateliê e fizemos uma intervenção no espaço deles. Tivemos também oficinas no espaço da FASE – Vitória, Casa da Stael e APAE – VV.
Conseguimos trabalhar 90% com materiais extraídos nos locais, algumas coisas como povilho azedo, óleo e leite e/ou baba do cacto que utilizamos no processo de aglutinação tivemos que buscar de outras fontes, mas sempre procurando o modo mais acessível e compreensível para passar todas informações dos processos de trabalhar com os pigmentos naturais. Porque pelo modo que viemos aprendendo as coisas tem sido uma reeducação, mas é bem interessante conseguir falar com as pessoas e dizer o quanto somos um todo, o quanto olhar melhor o que acontece ao nosso redor nos faz compreender muito desse ecossistema.
Esse projeto vem como um processo continuo da nossa busca pelo conhecimento, se reconhecer em nós e aprendermos mais sobre trabalhar colaborativamente. Como durante o processo fomos identificando as demandas locais, os murais e sua realização foi de acordo com cada momento, pensando que a pesquisa é intuitiva e nos faz ter maior acesso ao nosso entorno, maior percepção de tudo cada mural foi definido coletivamente como seria transmitido a mensagem, tendo como referencia as histórias locais das mulheres e sua importância. O encerramento por ter sido no final do ano, compomos as atividades de encerramento junto aos espaços que nos receberam e deram apoio. Como desdobramento dessa experiência sem fim, iremos seguir com o ateliê aberto na proposta de ampliar as ações, algumas outras vivências vem surgindo de forma espontânea.